A automedicação entre os pacientes odontológicos é uma prática muito corriqueira, pois a espera por uma consulta pode ser longa para suportar a dor ou o incômodo. No entanto, vale ressaltar que esta prática não é correta, podendo surtir efeito reverso, mascarar o diagnóstico na fase inicial do problema e ainda prejudicar a saúde geral do indivíduo.

O cirurgião-dentista deverá sempre ser comunicado ou questionado sobre a medicação a ser usada em situações específicas, mesmo que, em último caso, a via de comunicação seja por telefone. Deve-se saber que o cirurgião-dentista tem prerrogativa legal para prescrição de medicamentos para uso em tratamentos odontológicos, a fim de assegurar o uso correto destes. Os medicamentos prescritos abrangem desde os antibióticos e anti-inflamatórios, até ansiolíticos, antiepiléticos e antidepressivos, ou seja, aqueles que apresentem benefícios específicos no planejamento do tratamento recomendado.

Para que a prescrição medicamentosa seja realizada de forma correta, é necessário que o profissional da saúde colete informações do paciente (anamnese), investigando e interpretando os sinais e sintomas para a realização do diagnóstico. Além disso, é necessário saber se o paciente está fazendo o uso contínuo de alguma medicação ou realizando algum tipo de tratamento, de forma que a medicação a ser prescrita não cause interações.

Um dos medicamentos mais usados de forma indiscriminada pelos pacientes são os antibióticos. O profissional deve alertá-los sobre os perigos do uso sem a prescrição, principalmente, sobre a resistência bacteriana. As bactérias, com frequência, utilizam-se de estratégias para evitar a ação dos antimicrobianos; e quando o antibiótico não é ministrado conforme a sua especificidade ou no horário adequado, cria-se condições oportunas para que estas estratégias sejam geradas, através das mutações genéticas. Desta maneira, cabe ao paciente sempre questionar ao dentista qual o melhor antibiótico para o seu caso clínico e pedir orientação em relação aos horários, que é um outro fator negligenciado também.

Outra medicação usada pelos pacientes de forma perigosa e sem orientação é o bochecho com água oxigenada, em casos de gengivites ou infecções intrabucais. Esta “cultura” disseminada de forma errônea, além de causar alterações nas cores dos dentes, poderá causar queimaduras de alto grau na mucosa bucal, quando não administrada na concentração correta.

Todo medicamento pode produzir efeitos colaterais no organismo. Mesmo aqueles medicamentos que não necessitem de prescrição médica para comprar (como no caso de fitoterápicos, vitaminas, alguns analgésicos e antitérmicos, etc.), devem ser consumidos de forma consciente e responsável.

Enfim, para evitar os altos riscos da automedicação, vamos promover o uso dos medicamentos de forma racional e de preferência sob a orientação de um profissional médico, odontológico ou farmacêutico.

Dra. Alice Natsuko Jikihara – CROSP 116118

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